Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido como Fernando Pessoa, completaria hoje 123 anos caso ainda estivesse vivo. Nasceu em Lisboa a 13 de Junho de 1888. Foi criado em Durban, na África do Sul, onde viveu dos 6 até aos 17 anos. Lá aprendeu a língua inglesa. Por isso, das quatro obras que publicou em vida, três são nessa língua.
Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades poéticas por si criadas, conhecidas como heterónimos: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, três poetas diferentes, mas que, na realidade são a mesma pessoa, Fernando Pessoa.
É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa e da Literatura Universal.O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente
Fernando Pessoa
Sou um guardador de rebanhos
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar numa flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei da verdade e sou feliz.
Alberto Caeiro
Poema "Sou um guardador de rebanhos" (e outros) declamado(s) por Mário Viegas.
Poema
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas).
Álvaro de Campos
Poema "Cartas de amor" declamado e cantado por Maria Bethânia
Para ser grande, sê inteiro
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive
Ricardo Reis
Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma nao é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa, in Mensagem
(Um poema para os mais pequenos)
Poema Pial
Poema Pial
Toda a gente que tem as mãos frias
Deve metê-las dentro das pias.
Pia número UM
Para quem mexe as orelhas em jejum.
Pia número DOIS,
Para quem bebe bifes de bois.
Pia número TRÊS,
Para quem espirra só meia vez.
Pia número QUATRO,
Para quem manda as ventas ao teatro.
Pia número CINCO,
Para quem come a chave do trinco.
Pia número SEIS,
Para quem se penteia com bolos-reis
Pia número SETE,
Para quem canta até que o telhado se derrete.
Pia número OITO,
Para quem parte nozes quando é afoito.
Pia número NOVE,
Para quem se parece com uma couve.
Pia número DEZ,
Para quem cola selos nas unhas dos pés.
E, como as mãos já não estão frias,
Tampa nas pias!
Fernando Pessoa
Para saberes mais sobre este grande poeta e ler a sua obra, podes consultar as seguintes páginas:
http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/pessoa.html (Poemas de Fernando Pessoa e seus heterónimos)
http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=2233 (Casa Fernando Pessoa)
Boas leituras!
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